...a propósito de Uma Nova Ambição (V) - O Caos e a Culpa, publicado no blogue Projétil, de Moita Flores.
Caro Francisco Moita Flores,
Em vez de um breve comentário ao que escreveu, vou alongar-me um pouco mais, pois a sua prosa assim o exige.
Em vez de um breve comentário ao que escreveu, vou alongar-me um pouco mais, pois a sua prosa assim o exige.
Sobre o seu "O Caos e a Culpa" apraz-me dizer o seguinte:
Objectivamente ninguém deve ficar quieto e também eu estava admirado com o facto de V. não disparar um projéctil há algum tempo. Pelo menos um.
Estamos numa encruzilhada, para a qual fomos conduzidos pelo PS de Sócrates, com o apoio do PSD de Manuela Ferreira Leite (viabilização do OE 2010), com o apoio do PSD de Passos Coelho (viabilização do OE 2011, PEC's 1, 2, 3).
Chegados à encruzilhada, o Governo de Passos Coelho, em quem muitos acreditaram (felizmente não foi o meu caso), desfasado da realidade nacional, pensa que só há um caminho a seguir, custe o que custar: o dele e o da Corte que o bajula e lhe dá palmadinhas nas costas. Apesar dos avisos de quem efectivamente o quis ajudar, Passos Coelho decidiu ouvir apenas Miguel Relvas, Vítor Gaspar, António Borges, Carlos Moedas e poucos mais.
Os avisos de Manuela Ferreira Leite, de Bagão Félix, de João Ferreira do Amaral e de Daniel Bessa, entre outros, foram ignorados e, nalguns casos, desprezados pela Corte de Passos Coelho.
Os sinais de alarme, os sinais de pedidos de auxílio vindos do País Real foram insensívelmente bloqueados por Passos Coelho, Vítor Gaspar e pelos assessores do Primeiro-Ministro.
Vítor Gaspar asfixiou a economia, sufocou um ministro que à priori tinha condições para fazer um trabalho notável na revitalização da actividade económica, Álvaro Santos Pereira.
Nesta altura do campeonato importa lembrar quem nos trouxe até aqui: o PS e o PSD. O primeiro aparece como a virgem ofendida, quando foi o causador da violação dos interesses nacionais conduzindo o país para a situação de protectorado, o segundo porque ao viabilizar os OE's para 2010 e 2011 e os PEC's 1, 2 e 3, se transformou no "compagnon de route" ainda que ocupando o lugar traseiro.
Jorge Sampaio, ao demitir Santana Lopes, e Cavaco Silva ao contemporizar com as diatribes delapidatórias de José Sócrates, são igualmente responsáveis pelo Caos.
É certo que a CDU/PCP e o BE não são parte da solução, e o PS ao fim de tantos anos de Poder não consegue sobreviver sem ele, porque dele precisa para satisfazer a gula dos seus apaniguados. E António José Seguro está a ser cutucado pelos "devoristas" do PS.
Qual o Caminho?
Primeiro: ouvir Portugal e os Portugueses.
Segundo: como defende João Ferreira do Amaral, prepararmos ordenadamente a saída do €uro.
No plano teórico concordo com o seu texto "O Caos e a Culpa", no plano prático Francisco Moita Flores não acrescenta nada, não dá um único contributo para sairmos do impasse, nada acrescenta de concreto sobre como relançar a economia, não apresenta uma ideia para parar, pelo menos para estancar, a chaga do desemprego em Portugal.
Quem tem de mudar de Caminho, bem diferente do Mudar que Passos Coelho apresentou aos militantes do PSD e a Portugal, é o Primeiro-Ministro e o Governo.
É preciso saber o Caminho que o Governo quer que a RTP trilhe nos próximos anos, que os Portugueses e as Comunidades Lusófonas sejam chamados a dar o seu contributo.
É preciso conhecer o Caminho que o Governo quer que a TAP trilhe a curto prazo, que os Portugueses e as Comunidades Lusófonas sejam ouvidos.
É preciso saber o Caminho que o Governo quer que a Caixa Geral de Depósitos trillhe a curto prazo, escutando os Portugueses e as Comunidades Lusófonas.
Não podemos permitir que a estas empresas aconteça o que sucedeu à CIMPOR: um autêntico crime à economia nacional e aos trabalhadores entretanto despedidos ou forçados a acordos de rescisão, lançados no desemprego.
E aproveitando a sua putativa candidatura à Câmara Municipal de Oeiras, caso consiga concretizá-la (1.º passo), caso consiga ser eleito Presidente (2.º passo), a situação que Francisco Moita Flores vai encontrar não é diferente da que vive Portugal, ainda que os seus conselheiros lhe digam que o Oeiras é melhor nisto e naquilo. Oeiras atingiu grandes níveis de desenvolvimento entre 1986 e 2005; a partir daqui, com especial empenho e destaque a partir de meados de 2008, foi instaurado o "Princípio de Peter" em muitos sectores do Município.
As medidas, as propostas práticas que V. não faz para não caírmos no Caos e atirarmos a Culpa para trás das costas, vai ter de as concretizar na campanha autárquica para Oeiras. Se lá chegar. Não chegarão propostas e ideias vagas, não chegarão mensagens de fraternidade, de solidariedade e de humanismo.
É a crítica construtiva que faço do seu "O Caos e a Culpa".
Respeitosamente,
Helder Sá
(Miltante n.º 8686 - PSD)
1 comentário:
Corrijo a afirmação de que foi Manuela Ferreira Leite que viabilizou o OE 2010; foi Passos Coelho, já lider do PSD. O OE 2010, Lei n.º 3-B/2010, foi publicada no dia 28 de Abril de 2010 em Diário da República.
As minhas desculpas à Dra. Manuela Ferreira Leite e aos leitores revolucionários.
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