Este encontro tem os “dedos” de Cavaco e da Troika.
Passos Coelho é um obstinado, traçou o seu caminho e não
volta atrás, pelo que alguém tem de procurar construir “pontes” entre ele e
António José Seguro. E digo “pontes” entres os líderes e não entre o Governo e
o PS ou entre o Governo e António José Seguro porque quem tem procurado que
haja diálogo e entendimento é Paulo Portas, enquanto Passos Coelho fecha as
portas!
É necessário avivar memórias e relembrar que quem nos colocou
nos braços dos credores internacionais foi o Partido Socialista. A culpa do PSD
e de Passos Coelho caracteriza-se pelo facto de ter apertado ainda mais o
garrote (indo para além da troika ou sendo mais troikista que a troika).
Como titula hoje o jornal “i” “O MUNDO DELIRANTE DAS PREVISÕES DA TROIKA” todos os intervenientes - técnicos da UE, BCE e FMI,
Passos Coelho e Vítor Gaspar - todos estes actores estão desfasados do mundo
real, vivem noutra galáxia. Impreparação, incompetência, negligência e dolo são
adjectivos com que eu posso caracterizar a actuação destes personagens.
Aqueles economistas e governantes que acreditam nesta
“receita” da Troika dando como exemplos os sucessos das intervenções do FMI de
1978 e de 1983, esquecem-se de pontos fundamentais:
1. Tínhamos o controlo da emissão da moeda e da sua
desvalorização.
2. As importações eram controladas através dos BRI’s,
Boletins de Registo de Importação.
3. As nossas fronteiras estavam fechadas, hoje vivemos num
mundo globalizado.
Por vezes fico espantado com declarações recentes ou mais
antigas de alguns políticos como o secretário-geral do PSD, Matos Rosa e mesmo
do então Ministro Miguel Relvas, que referiram que este é o caminho a seguir para
a Troika se ir embora em Junho de 2014 e Portugal recuperar a sua
independência!
A Constituição da República não teve de ser alterada para
cedermos soberania a Bruxelas?
Não sabem estes e outros senhores que disseram as mesmas barbaridades
que a perda de emissão de moeda é uma perda de soberania?
Eu licenciei-me na Lusófona de Lisboa, mas ia às aulas, não
tive equivalências e tive excelentes professores!
Nesta altura não pode haver consensos, as posições estão
extremadas. Passos Coelho e Vítor Gaspar não cedem, António José Seguro tem o
congresso à porta e, todos sabemos, é um líder de transição, pelo que não
subscrever aquilo que Passos Coelho e Troika querem será a sua posição.
O que eu gostaria que fosse debatido como proposta de trabalho
para os próximos tempos seria a saída do €uro que, mais tarde ou mais cedo,
vamos ter de encarar de forma séria.
Não tenho grandes expectativas sobre o encontro e acho que
António José Seguro é, dos dois, o único que está a ver que a receita da Troika
+ o “custe o que custar” de Passos Coelho estão a matar o doente - o Povo.
São alguns actos de uma peça dramática que poderá terminar a
qualquer momento, seja por acção do CDS, seja pela oposição interna do PSD.
Assim como o futuro próximo do PSD passará por Rui Rio, o
futuro próximo do PS passará por António Costa.
A manutenção de Passos Coelho no Governo e no PSD é uma
questão de tempo. Se não for apeado antes das autárquicas sê-lo-á depois, face
aos catastróficos resultados que se adivinham.
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